claudemir pereira

Dois pra lá, dois pra cá. Ou um pra cá e três pra lá. São os blocos da Câmara


Foto: Karohelen Dias/CVSM

Em meio ao recesso de inverno (que, por sinal, exceto pela inexistência das sessões, praticamente tem a Câmara funcionando normalmente), o momento é apropriado para avaliar o que foi o primeiro meio ano da legislatura iniciada em janeiro.

Aliás, algo feito inclusive pelos vereadores. Quem não fez esse exercício, perde boa oportunidade para ajustar procedimentos e até experimentar um freio de arrumação. Seja para manter ou para mudar. E olha que não falta o que pensar, cá entre nós.

Sobraram questões no varejo, com questiúnculas aqui e ali, corrida de 100 metros em vez da maratona de um mandato, propostas com jeito, cara e corpo de inconstitucionais, entre outras situações visíveis no primeiro semestre. E que, diga-se, não chegam a ser grande novidade na comuna.

O que há de novo, no atacado, e isso sim é significativo, porque pode significar tendência, é uma ação macro ainda não vista no Legislativo. No caso, a implantação de nada menos que quatro blocos parlamentares.

Até aqui, o que havia era um grupo oposicionista e o governista. Independentemente da ideologia. Seja porque os edis não entendiam fundamental ou até mesmo por inapetência. O fato é que não se viu, até onde vão a memória e o arquivo do colunista, a divisão ocorrida nesta legislatura.

Além dos tradicionais blocos, outros dois se criaram, com consequências bastante objetivas. Uma, a criação de liderança e vice-liderança de cada grupo. Outra, os espaços disponíveis na tribuna, para ser ocupados a cada sessão. É um tempo e tanto, com direito a aparecer na TV Câmara e disseminar suas mensagens.

Assim é que, hoje, para ser didático e objetivo, são os seguintes os grupos (e sua posição no contexto político) formalizados no Parlamento e que se tornaram a grande novidade da legislatura:

Bloco de Situação - Os tucanos Admar Pozzobom (líder), Givago Ribeiro e Lorena Santos; o demista Manoel Badke (vice-líder); e os republicanistas Alexandre Vargas e Getúlio de Vargas.

Bloco de Oposição - Os pepistas Pablo Pacheco (líder), Anita Costa Beber, João Ricardo Vargas e Roberta Pereira Leitão; os pessebistas Paulo Ricardo Pedroso (vice-líder) e Danclar Rossato; e a pedetista Luci Duartes.

Bloco Democrático - Os emedebistas Tubias Calil (líder), Adelar Vargas e Rudinei Rodrigues; e o pesselista Tony Oliveira (vice-líder).

Bloco Propositivo - Os petistas Ricardo Blattes (líder), Marina Callegaro e Valdir Oliveira; e o comunista do B Werner Rempel (vice-líder).

Em tempo - Inclusive por conta das reflexões do recesso, e já convidada para tanto, a pedetista Luci Duartes pode trocar o bloco de Oposição pelo Propositivo. Há quem diga, inclusive, que ela pode ir para o bloco de Situação. A ver.

A eleição para reitor e os apoios ideológicos à esquerda e à direita

Há um bocado de pudor exagerado nessa discussão sobre quem apoia quem na disputa para a Reitoria da UFSM. Não há problema algum em segmentos políticos-ideológicos simpatizarem e agirem em favor de tais e/ou quais concorrentes em qualquer campo. Por que não, então, na universidade, histórico centro de debates sobre as coisas do mundo?

Dito isto, não quer dizer que haja organicidade, pois inexistem indícios disso. No entanto, é evidente que setores mais à esquerda tendem a apoiar os concorrentes ligados à atual gestão da instituição fundada por Mariano da Rocha.

Para conferir isso, basta dar olhadinha nas redes sociais: simpatizantes (e/ou militantes) notórios de PDT, PT, PC do B, PSOL e outros não escondem preferência por, por exemplo, Luciano Schuch.

De outra parte, embora a tentativa (legítima, mas infrutífera) de descolar-se do que se convencionou chamar bolsonarismo, o fato é que líderes do partido na cidade mais ligado ao presidente, o PP, com militância ligada ao senador Luis Carlos Heinze, não escondem (pelo contrário, fazem propaganda) o apoio a Rogério Koff, candidato colocado como oposicionista. Que também tem adesões no DEM, entre outras agremiações à direita.

Qual o problema disso, gente? Nenhum. Repita-se, nenhum. É a discussão posta. O que não pode faltar é respeito. Reduzir-se o(s) adversário(s). Ressalvada essa questão, creia, há uma fortíssima discussão ideológica na universidade. E isso não é ruim, ao contrário do que reza o mito. E ponto.

PS: Noves fora o interessante trololó político-doutrinário (não xinguem o colunista; confiram nas redes sociais), quem vai decidir mesmo esse enrosco todo são 124 pessoas. As que ocupam cadeiras nos conselhos superiores da UFSM. E é a elas que a campanha deve ser dirigida. O resto é apenas torcida.

Em alta: o emedebista Harrisson e o pessebista Fabiano

UMA DO MDB - Parece bastante evidente (e crescente) o alinhamento da maior parte do partido em Santa Maria ao deputado (em exercício) Roberto Fantinel. Que, por sinal, cada vez mais se faz presente na cidade.

Uma das consequências dessa postura interna é o fortalecimento incontestável do ex-vereador e ex-candidato a vice-prefeito Francisco Harrisson. Ele, ninguém mais duvida, será o próximo presidente da sigla, substituindo Magali Marques da Rocha - que, por sinal, também tem se demonstrado a cada dia mais "fantinelista".

E UMA DO PSB - Nunca houve contestação à liderança de Fabiano Pereira, o presidente do partido em Santa Maria desde que nele entrou, oriundo do PT, há seis anos. E também é possível afirmar que ele será mesmo o candidato único do partido à Assembleia Legislativa, faltando apenas saber se haverá nome local (e, se houver, será Paulo Ricardo Pedroso) para concorrer à Câmara dos Deputados, numa dobradinha socialista santa-mariense. Independente disso, claro, Fabiano montará campanha em nível estadual, com alianças outras em comunas diversas.

LUNETA

NOMEADO

Definitivamente, ao relento político é que não ficará o ex-candidato a prefeito pelo PP, Sergio Cechin. O líder partidário santa-mariense (poderá até presidir a sigla, adiante), como consta na edição da última quinta-feira, dia 22, do Diário da Assembleia, foi nomeado para Cargo de Confiança no padrão 'CCPL-2', lotado no gabinete do deputado estadual do Progressistas, Ernani Polo.

NA SERRA

É preciso combinar: não faltam emoções à experiência primeira de Sílvio Weber na política. Afinal, em apenas sete meses de mandato, o prefeito de Itaara enfrentará sua segunda CPI. Agora, os edis da comuna do alto da serra se invocaram com uma ida que ele fez para Florianópolis, em fevereiro. Weber alega ter sido uma viagem pessoal e, portanto, não se utilizou de recursos públicos. Então...

E O SENADO?

Ninguém duvida da honestidade de propósitos do governador Eduardo Leite. Ele quer, sim, ser o candidato do PSDB à presidência. E, para tanto, leva muito a sério as prévias que os tucanos farão antes do final do ano. Mas, creia, seus apoiadores imaginam que, se não conseguir a indicação, será certamente um forte candidato à vaga única ao Senado, disponível ao eleitor gaúcho em 2022.

REGIONAL

O que se escreveu aqui mesmo, semana passada, se apressa. O Hospital Regional terá que definir seu futuro bem mais cedo do imaginado. Tudo por conta da desaceleração cada vez mais crescente no número de pacientes "covid", que levou a instituição gerida pelo Estado a ter dezenas de leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva. Enfim, volta a ser um "ambulatorião" ou será, meeeesmo, um hospital, como foi concebido?

PARA FECHAR!

Aguarda-se por dias tensos até o 28 de julho, quarta-feira. Além da campanha acirrada e das estratégias montadas para conquistar os 124 votos dos conselheiros superiores da UFSM, haverá advogados de plantão, pois se imagina (embora não se possa afirmar com certeza) uma possível guerra judicial por conta da disputa para fazer parte das listas tríplices de reitor e vice da instituição.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Fabiano Pereira, otimista com o PSB, se entende um 'construtor partidário'

Próximo

Valdir Oliveira, após quatro meses internado, amplia sua pauta política

Claudemir Pereira